Tema é abordado em livro com organização de pesquisadora do CPTEn
Neste Dia Internacional da Mulher, convidamos você a refletir sobre um aspecto muitas vezes invisibilizado das desigualdades de gênero: o impacto da pobreza energética sobre as mulheres, a falta de representatividade feminina no setor de energia e a urgência de promover a justiça energética para uma transição mais equitativa e inclusiva.
O livro “Energy Poverty, Justice and Gender in Latin America” expõe como a transição energética ainda não é plenamente inclusiva. Embora as discussões sobre descarbonização avancem globalmente, milhões de mulheres em comunidades rurais e marginalizadas da América Latina seguem enfrentando barreiras estruturais para acessar energia limpa e moderna.

Para muitas mulheres, a falta de acesso à energia não é apenas uma questão técnica, mas uma realidade que perpetua ciclos de pobreza e exclusão. São elas que dedicam longas horas à coleta de lenha e à cozinha em ambientes poluídos, sofrendo impactos severos na saúde devido à inalação de fumaça de fogões tradicionais. Esse tempo gasto em tarefas domésticas limita suas oportunidades de educação e trabalho, restringindo seu papel na economia e perpetuando desigualdades sociais.
Principalmente, o setor energético na América Latina continua sendo predominantemente masculino, com mulheres enfrentando desafios para ingressar, avançar e ocupar posições de liderança. Isso significa que aqueles que mais sofrem com a pobreza energética têm pouca voz nas decisões sobre o futuro da energia na região, perpetuando desigualdades e contrariando os princípios da justiça energética, que busca garantir uma transição equitativa e inclusiva para todos. Precisamos questionar e transformar as estruturas patriarcais que impedem o avanço da igualdade de gênero no setor energético e na sociedade.
A transição energética não pode ser apenas uma mudança tecnológica – ela deve ser uma transformação social, econômica e das políticas públicas, garantindo que as perspectivas e necessidades das mulheres sejam reconhecidas e integradas em todas as etapas do processo.
Lira Luz Benites Lazaro
Pesquisadora CPTEn/Unicamp