O projeto faz parte de um programa multidisciplinar que visa à formação de agentes de transformação para a sustentabilidade
Reportagem publicada no Jornal da Unicamp
Texto: Helena Tallmann
Fotos: Antônio Scarpinetti
Edição de imagem: Paulo Cavalheri
A VI Jornada Olhos no Futuro recebeu 176 estudantes do ensino fundamental II e 14 professores da escola estadual E. E. Dr. Telêmaco Paioli Melges na terça-feira (12). O projeto faz parte do programa multidisciplinar Olhos no Futuro, que visa à formação de agentes de transformação para a sustentabilidade, um programa relacionado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU).
O projeto, vinculado ao Campus Sustentável e ao Centro Paulista de Estudos de Transição Energética (CPTEn), está em vias de se institucionalizar junto à Pró-Reitoria de Extensão, Esporte e Cultura. Essa edição apresentou algumas novidades, oferecendo aos estudantes o maior número de oficinas desde o início do Olhos no Futuro, em 2021, e realizando o encerramento das atividades no Teatro de Arena, com a presença do reitor Antonio José de Almeida Meirelles e de outras autoridades.
Dez oficinas simultâneas aconteceram em oito unidades da Unicamp: Canalise – Da Cana-de-Açúcar ao Etanol (Faculdade de Engenharia Química), Desembalando (Faculdade de Engenharia de Alimentos-FEA), Desvendando os Sentidos (FEA), De Ciclo em Ciclo, de Lua em Lua (Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo – Labjor), SustentavelMente (Faculdade de Engenharia Agrícola – Feagri), ReciclaMente (Instituto de Geociências – IG), Águas do Ribeirão Quilombo (Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo – Fecfau), Energizar & Escola 4.0 (Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação – Feec), Energizar – Usina Fotovoltaica (Feec) e ComunicAção (Instituto de Artes – IA). “Temos a proposta de trabalhar muito com a mão na massa. O aluno participa realmente da construção daquele conhecimento”, disse Roberta Ceriani, professora da FEQ e integrante da equipe gestora da jornada.
Após o almoço no Restaurante Universitário (RU), os alunos participaram ainda da oficina Nosso Busão, no ônibus elétrico na Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM), e, ao final da programação, acompanharam um bate-papo sobre trajetórias, sonhos e perspectivas futuras com Danilo Lobato, aluno da escola, e Daniel dos Santos, da FEQ, além da apresentação, pelo grupo 50+ Arteiros Teatro, da peça Descarrego, um convite à leitura, adaptada do livro Descarrego, de Juliana Rabelo.
Décio Freitas, professor de matemática da escola, participou pela primeira vez do evento e afirmou que essa representa uma importante oportunidade para motivar os jovens a pensarem no seu futuro. Já Leda Matheus da Silva, professora de artes que ajuda na coordenação da atividade desde a sua primeira edição, desenvolve disciplinas eletivas que estão relacionadas ao Olhos no Futuro. “O projeto foi só melhorando: começamos com um ônibus [de alunos], depois passamos para dois e hoje já são quatro.” Para a professora, a atividade mostra aos alunos o mundo fora da escola, ensinando conhecimentos úteis para a vida deles.
Os estudantes do oitavo ano Icaro Lopes Crozoleto e David de Souza Silva participaram de todas as edições do evento e lembram com empolgação de quando presenciaram uma descarga elétrica em uma das oficinas. Neste ano, Crozoleto aprendeu sobre a produção da cana-de-açúcar e seus derivados. “Foi muito legal: misturamos açúcar na água morna, colocamos fermento biológico e fechamos com uma bexiga. As bactérias vão fermentando, vai saindo gás carbônico e enchendo a bexiga. Eu não sabia que era possível fazer isso”, contou. O aluno ainda não escolheu sua profissão, mas deve seguir os passos do irmão e da irmã mais velhos, estudantes da Unicamp.
David Silva foi um dos alunos que dirigiu um trator e aprendeu sobre formas sustentáveis de plantio. “Também vimos como usar drones na plantação. A sustentabilidade é importante para um futuro melhor, com menos poluição”, opinou.
O futuro da Unicamp
As autoridades presentes, em suas falas, reforçaram a mensagem de que os jovens devem persistir em seus objetivos com dedicação, acreditando em seu potencial. Meirelles chamou atenção para a presença, na jornada, de estudantes preocupados com o futuro do país, convidando-os a fazer parte também do futuro da Unicamp. “Vocês podem fazer a diferença e nós queremos vocês aqui. Hoje, somos uma universidade em transformação. Mais de 50% dos alunos que ingressaram aqui vêm de escolas públicas. Queremos que a Universidade se conecte com a comunidade que paga impostos e a sustenta.”
Marcelo Cardoso, representando a Proeec, lembrou que a Unicamp “é uma das maiores universidades de São Paulo”. O integrante da Diretoria de Ensino Campinas Leste Ordileu José Topan observou que o projeto aproxima os alunos do ambiente universitário. “Ele também é importante considerando o momento que estamos experimentando, para discutirmos como viver de forma sustentável.” Também representou a Diretoria de Ensino Campinas Leste Thais Damasceno, supervisora de ensino.
O diretor da escola e ex-aluno da Unicamp, Marcio Ferreira Sarraipa, falou sobre a importância de a Universidade estar presente nas instituições de ensino públicas e manifestou o desejo de dar continuidade ao projeto na escola.
Extensão nas escolas públicas
A Jornada Olhos no Futuro representa a conclusão de um trabalho desenvolvido durante todo o semestre, período no qual alunos da Unicamp ministram oficinas semanais como monitores junto aos clubes escolares. Também pela primeira vez, neste ano, o programa contou com a participação de estudantes da disciplina de extensão Educação e Interdisciplinaridade de Olhos no Futuro, atuando como monitores nas oficinas e nos grupos de apoio.
Para o coordenador do Campus Sustentável, presente no encerramento da jornada, professor Luiz Carlos Pereira da Silva, o projeto colaborará com o cumprimento da carga horária obrigatória em atividades de extensão universitária – exigência da curricularização da extensão que vigora desde o ano passado. “O Olhos no Futuro traz oportunidades para professores de diferentes áreas desenvolverem a extensão. Por meio desse trabalho com a E.E. Telêmaco, podemos consolidar esse projeto, que já tem bastante impacto, e multiplicá-lo para outras escolas públicas.”
Depois de institucionalizado, o projeto deve se tornar um programa formal de extensão na Proeec, apto a receber financiamento da Universidade. Está também em desenvolvimento a proposta de lançamento de um livro sobre o programa, a ser utilizado na difusão de informações para as secretarias de educação estadual e municipais de São Paulo.