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Membros da Universidade Técnica da Dinamarca e do Mackenzie conhecem projetos de eficiência energética

Visitas ocorreram nesta terça-feira (12)

As diversas iniciativas desenvolvidas pelo Centro Paulista de Estudos da Transição Energética (CPTEn), o Campus Sustentável (CS), e o futuro Hub Internacional de Desenvolvimento Sustentável (HIDS), da Unicamp foram foco da atenção de duas equipes visitantes nessa última terça (12); uma da Universidade Técnica da Dinamarca (DTU), e outra da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Os professores associados Victor Andrade e Samuel Brüning Larsen, do Departamento de Tecnologia da Engenharia e Didática da DTU, tiveram a oportunidade de conhecer mais a fundo as motivações dessas ações e projetos desenvolvidos, em conversa com o professor Luiz Carlos Pereira da Silva (CPTEn/CS), que explicou as características da matriz energética brasileira, baseada principalmente na produção hidrelétrica. Porém, por mais limpa que seja considerada, ela também apresenta algumas desvantagens, como a sujeição ao regime de chuvas. Tanto que esse cenário já foi uma das causas de crises no passado, entre os anos de 2001 e 2002, além da atual seca extrema pela qual a região norte do país tem passado.

Por conta disso, esforços foram feitos desde então para alterar esse quadro, e aumentar a diversidade na geração de energia no Brasil, com uma previsão para 2050 de maior contribuição de outras fontes renováveis, como fotovoltaica (dos 16% atuais para mais de 32%), e eólica (cerca de 12% até 14% no futuro), o que reduziria de quase 50% para 30% a dependência hídrica. Além disso, acredita-se que a biomassa resultante da produção sucroalcooleira também cresça, uma vez que esse resíduo apresenta aproveitamento energético.

Outras questões foram discutidas, como a falta de acesso à energia de forma regular em comunidades mais afastadas, como, por exemplo, indígenas do Oiapoque, no estado do Amapá, onde uma ação conjunta da Unicamp, do Instituto de Pesquisa e Formação Indígena (Iepé) e da Easy Watt possibilitou a instalação de painéis fotovoltaicos, para driblar a necessidade de geradores e do diesel; além do crescimento da mobilidade elétrica no país, com a recente entrada de marcas desse setor automotivo, e como essa transição energética vai impactar na formação profissional nos próximos anos.

Victor comentou que a parceria com a professora Flávia Consoni (coordenadora do LEVE – Laboratório de Estudos do Veículo Elétrico – e do projeto “Olhos no Futuro”, relacionado ao Campus Sustentável) se iniciou com a submissão da proposta de pesquisa The transition to electric power buses: strategies and a consumer-oriented business models, financiada pelo Ministério de Inovação do governo dinamarquês, focado em um intercâmbio de conhecimento nessa linha de estudo. Assim, a professora Flávia inicialmente visitou instalações relacionadas à mobilidade elétrica na Dinamarca (mais avançada que o Brasil nessa questão), como a operadora de ônibus de Copenhague, a Movia, além de participar de um workshop organizado pela DTU. E agora, ele e Samuel puderam vir ao Brasil, para conhecer os planos das prefeituras do Rio de Janeiro, São José dos Campos, e Curitiba para o transporte urbano. Como parte da agenda, também passaram pela Escola Politécnica (EP) e Faculdade de Arquitetura e Urbanismos (FAU) da Universidade de São Paulo (USP), a garagem da Transwolff, responsável pelos ônibus elétricos da frota da cidade de São Paulo; o Consulado Dinamarquês, e a Linha Verde do município de São José dos Campos. Em seguida vão passar na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e no Centro de Controle Operacional do transporte BRT (Bus Rapid Transit), para realizar outras visitas relacionadas a essa temática.

Como resultado desse trabalho, duas publicações científicas sobre a transição para a mobilidade elétrica coletiva já estão encaminhadas, e mais colaborações poderão surgir entre os países. Nas palavras do Prof. Victor, “a expectativa é de participar de mais projetos juntos” com a Profa Flávia, que também é uma das pesquisadoras principais do CPTEn.

Mackenzie

Já o grupo do Mackenzie estava composto pelo professor Leopoldo Rocha Soares, Diretor do Centro de Ciências e Tecnologia, e Coordenador do curso de Direito do campus de Campinas; professora Érika Borges Ferreira, da Coordenadoria de Planejamento e Orçamento (CPLAN); Daniel Valverdes Roters e Felipe Romano, da Coordenadoria de Logística e Infraestrutura Acadêmica (CLOG); Leandro Capeto Sampaio e Danielli Beatriz Artave Janela, da Superintendência de Infraestrutura.

Aqui, a intenção foi entender melhor como as alterações realizadas na Unicamp levaram à diminuição dos custos com energia, por meio dos projetos estruturais do campus, como as trocas de equipamentos elétricos (aparelhos de ar condicionado, refrigeradores, lâmpadas de LED), utilização dos telhados dos prédios para instalação dos painéis fotovoltaicos, entre outras, para então avaliar possibilidades de mudanças nas unidades do Mackenzie. Duas das dificuldades apontadas pela equipe de Infraestrutura foram o sombreamento maior na cidade de São Paulo – consequência da quantidade de prédios mais altos ao redor do campus central – e o tombamento histórico de algumas edificações, que não permite maiores modificações estruturais.

Uma passagem pelo Laboratório de Redes Elétricas Inteligentes (LabREI), da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC), para apresentação dos projetos relacionados ao MERGE – Microgrid for Efficient, Reliable and Greener Energy – também foi realizada no período da tarde.

Os visitantes também puderam realizar um passeio pelo campus com o ônibus elétrico da Unicamp, com direito às explicações do doutorando Flávio Tonioli Mariotto (FEEC), que desde o mestrado vem estudando seu funcionamento, e o monitoramento da demanda interna de usuários, como estudo de caso para o transporte público urbano.

Texto e fotos: Maria Carolina H. Ribeiro (bolsista de Jornalismo Científico do CPTEn)