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Unicamp recebe 7ª Conferência Fapesp sobre Mudanças Climáticas Globais

CPTEn é destaque em mesa que discutiu iniciativas implementadas para solução e mitigação

O Workshop do Programa Fapesp de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais foi realizado no auditório do Instituto de Geociências (IG) da Unicamp durante os dias 27 e 28 de agosto. Com a iniciativa completando 16 anos, aniversário lembrado por Paulo Artaxo, professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (IF-USP), o evento conseguiu reunir especialistas em uma discussão enriquecedora sobre emergência climática, sustentabilidade e transição energética, para mostrar os resultados das pesquisas financiadas e os desafios adiante no combate as mudanças globais.

Reconhecido pelo seu currículo de impacto nas ciências da Terra, principalmente sobre o papel da Amazônia no clima, Artaxo moderou duas mesas-redondas, a primeira sobre “Cooperações Nacionais e Internacionais e Colaboração com a FAPESP”, e a última, “Perspectivas de Ações de Mudanças Climáticas no Brasil” em no segundo dia do workshop.

A primeira mesa redonda do dia contou com a participação de Jean Ometto (INPE/Rede CLIMA) e Ana Paula Yokosawa, Gerente Adjunto para Colaborações em Pesquisa, substituindo Concepta MacManus (Fapesp). Jean explicou o funcionamento do Belmont Forum, composto por mais de 32 membros, entre mais de 55 países, e 150 parceiros em todo o mundo, que atua como um financiamento em consórcio, no apoio e na promoção de ciências transdisciplinares. Já Ana Paula mostrou o histórico de parcerias entre Brasil e China, que se iniciou em 2014 com o acordo com a Peking University (PKU), e ampliou-se longo dos anos, com a assinatura de cooperação entre a Fapespe a Fundação Nacional de Ciências Naturais da China (NSFC).

Em seguida, Ricardo Trindade, professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP, moderou a mesa redonda sobre os “Centros de Pesquisa em Mudanças Climáticas”, no qual participaram José Marengo (CEMADEN), Carlos Eduardo Cerri (ESALQ-USP), Patrícia Morellato (Unesp Rio Claro/Comitê Científico PFPMCG) e Alexander Turra (IOUSP).

Marengo apresentou o INCT para Mudanças Climáticas – Fase 2 (INCT-MC2), que conta com mais de 200 pesquisadores de 38 grupos de pesquisa distribuídos em 15 estados brasileiros, além de parcerias com 12 instituições internacionais. Com quatro frentes de atuação — pesquisa, comunicação, educação e suporte científico para políticas públicas, como o Plano Clima —, o INCT-MC2 tem contribuído com trabalhos sobre os efeitos das mudanças climáticas no território nacional e no mundo. Os desafios e pesquisas sobre soluções sustentáveis para sistemas agrícolas tropicais, realizadas pelo CEPID CCarbon desde 2021, foram mostrados pelo seu coordenador, Carlos Eduardo Cerri. Já Patrícia Morellato divulgou as ações do CEPID CBioClima, que vem investigado como a biodiversidade e os serviços ecossistêmicos são afetados por todas as alterações no meio ambiente e desenhar estratégias no combate à perda da nossa riqueza ecológica. Por último, Turra apresentou a Cátedra Unesco para a sustentabilidade do Oceano, que contou com a presença da Andrei Polejack para falar sobre o recém-criado Instituto Nacional de Pesquisas Oceânicas (INPO).

Gilberto Januzzi, da Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM) da Unicamp, foi o moderador da terceira mesa-redonda “Soluções em Adaptação e Mitigação” que contou com a participação dos professores da Gabriela Celani (CEUCI/FECFAU-Unicamp), Luiz Carlos Pereira da Silva (CPTEn/Feec-Unicamp) e Ana Flavia Nogueira (CINE/IQ-Unicamp). Além de Sávio Raeder, diretor do Departamento de Políticas e Programas de Ciências do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), que falou do sistema Adapta Brasil, uma plataforma criada em parceria entre o INPE e a Rede Nacional de Pesquisa e Ensino (RNP), que consolida e integra informações para análise dos riscos e impactos causados pelas mudanças climáticas pelo poder públicos.

Dividido em 8 eixos temáticos, o CPTEn atua para desenvolver soluções e promover a transição energética de forma multidisciplinar, sendo um deles focado em energias renováveis e bioenergia, beneficiando o setor agrícola, um dos maiores contribuintes na emissão de gases do efeito estufa e que sofre diretamente com os eventos extremos. O CEUCI é outro CCD com sede na Unicamp aprovado em 2022, e tem realizado estudos para a implantação de áreas urbanas de produção de conhecimento, como o futuro Hub Internacional para o desenvolvimento (HIDS). Já o CINE, criado em 2018 pela FAPESP e a Shell, produz tecnologia de ponta no setor energético para repassar às indústrias em seguida, mediante registro de patentes.

Pela tarde, a quarta mesa redonda, sobre “Experiências de Chamadas Transdisciplinares” foi moderada por Luiz Eduardo de Aragão (INPE/PFPMCG). O primeiro palestrante, Rafael Andrey, Secretário Executivo da Iniciativa Amazônia +10, contou sobre como surgiu essa proposta, em 2022, envolvendo as agências de fomento à pesquisa dos estados da Amazônia Legal, e atualmente conta com 25 dentre as unidades federativas e sobre as chamadas e ações futuras (Desafios da Amazônia, Modernização da Infraestrutura e Capacitação Técnica de CT&I, Programas de Mobilidade).

Morellato também comentou sobre a internacionalização dentro do programa, com a experiência com a agência canadense de financiamento Novas Fronteiras em Pesquisa (NFRF). Bem como a apresentação de Bruna Arenque (Coordenadora de Programas Científicos), sobre como a Fapesp analisa e seleciona os projetos a serem apoiados, nos seus diferentes Programas Estratégicos.

A última mesa redonda do dia teve a presença de 2 pesquisadores da área (Márcio Astrini – Observatório do Clima, Jacques Marcovitch – FEA-USP) e Carine Pereira, Coordenadora da Assessoria de Mudanças Climáticas e Sustentabilidade da SEMIL/SP. Márcio apresentou o último inventário sobre emissões de efeito estufa e como deveriam ser a Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) brasileira adequada frente à proposta de combate às mudanças climáticas nas Conferências das Partes (COPs), para chegarmos às metas estabelecidas pelo Acordo de Paris, até 2030. Também ressaltou a importância desse consórcio, que atua como uma rede de 120 organizações da sociedade civil, existente há 22 anos, com a sua calculadora SEEG.

Enquanto Marcovitch se debruçou no aspecto da governança e as temporalidades que envolvem o combate às mudanças climáticas, principalmente em relação aos impactos econômicos e sociais de uma política climática eficiente, caso a NDC brasileira seja respeitada. Para finalizar, a agenda do Plano de Ação Climática (PAC2050) do estado de São Paulo foi apresentada por Carina, cuja estratégia é focada em Mitigação, bem como outros planos de Adaptação, como o “Municípios Paulistas Resilientes”, por meio de seus programas e projetos setoriais.

Ao final do evento, como sugestão da moderadora no primeiro dia, Maria de Fátima Andrade (IAG-USP), foi definido que a discussão deverá embasar a organização de um documento, a ser redigido após todas as contribuições, até mesmo para divulgar os aspectos das mudanças climáticas para a sociedade.

Leia mais:

Queimadas escancaram urgência de ações para compreender, mitigar e se adaptar às mudanças climáticas: https://agencia.fapesp.br/queimadas-escancaram-urgencia-de-acoes-para-compreender-mitigar-e-se-adaptar-as-mudancas-climaticas/52630

Setor agrícola é estratégico nas ações de mitigação das mudanças climáticas, diz cientista da NASA: https://agencia.fapesp.br/setor-agricola-e-estrategico-nas-acoes-de-mitigacao-das-mudancas-climaticas-diz-cientista-da-nasa/52648

Site do PFPMCG: https://mudancasclimaticas.fapesp.br/

Texto: Maria Carolina H. Ribeiro (pós-doutoranda CPTEn/PRP)
Fotos: Julia Devito (bolsista Jornalismo Científico CPTEn/Fapesp)