Primeiro de quatro eventos, encontro reforçou o potencial do Estado em fontes renováveis e aposta em eletrificação rumo ao cenário de emissão zero
(reportagem originalmente publicada no site da Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística)
Nesta quinta-feira (06), representantes da sociedade civil, de associações setoriais, do mercado e outros interessados reuniram-se no primeiro dos quatro workshops promovidos pela Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil) para embasar o debate sobre os primeiros resultados quantitativos do Plano Estadual de Energia 2050 (PEE 2050). O encontro ocorreu na capital e foi conduzido pela subsecretária de Energia e Mineração, Marisa Barros, com exposições da equipe executora do projeto da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli/USP), sob coordenação do professor Dorel Ramos.
Durante as apresentações, focadas em cenários econômicos e demandas, foi ressaltada a pujança da economia de São Paulo como atrativo para receber investimentos em projetos de transição energética. Outro destaque foi o grande potencial estadual para alcançar a neutralidade nas emissões de gases de efeito estufa, por meio de ganhos de eficiência energética, substituição de combustíveis fósseis por menos poluentes e da eletrificação da economia, um tema comum em todas as palestras.
As apostas para o Estado incluem, segundo os pesquisadores, o incentivo ao uso do biometano, da biomassa da cana-de-açúcar e de outras alternativas com menor pegada de carbono. Isso inclui a substituição de óleo diesel por gás natural e o uso do hidrogênio de baixo carbono, insumos que devem abastecer as cadeias produtivas de energia, transporte e indústria.
A abundância e diversidade de fontes de energia projeta São Paulo saindo em vantagem ao colocar as possibilidades do PEE 2050 na mesa. Segundo o professor e pesquisador André Gimenes, em termos de eficiência energética, as condições do Estado são promissoras. “O índice atual é de 0,6% ao ano e, em um cenário de referência, poderia triplicar para 1,6%, até 2050”, avaliou Gimenes.
De acordo com dados dos balanços energéticos nacional e do Estado de 2022, São Paulo tem 58,5% da matriz energética do tipo renovável, o que supera a média do País (47,7%) e do mundo (14,1%), o que encurta a distância para o cenário de emissão zero e aumenta os desafios para o Estado. “No horizonte de 2050, as alterações mais expressivas nos diferentes setores são as do biometano e da eletrificação”, explicou o professor e pesquisador Edmilson Coutinho. No setor industrial, a participação do gás natural cresce de 17% para 22%, o biometano alcança 24% e a eletrificação para fins térmicos atinge 17%.
A mitigação das mudanças climáticas, tanto pela ótica da energia quanto pela diminuição dos impactos ambientais, foi citada como prioridade para a pasta pela subsecretária Marisa Barros, que destacou também a qualidade do trabalho. “Temos aqui reunidos um corpo técnico de alto nível para entregar um plano com alternativas de estratégias de descarbonização para nosso Estado”, afirmou Marisa.
As informações contidas nos estudos serão compartilhadas. “O Plano Estadual de Energia é pautado na transparência e no amplo diálogo. Por isso, além dos encontros, colocaremos o documento em consulta pública, até o fim deste ano”, concluiu a subsecretária. A consulta prevê ampla participação da sociedade na discussão das propostas contidos no PEE 2050 e posterior apreciação do Conselho Estadual de Política Energética (CEPE).
O workshop também destacou o papel do processo de diversificação e descentralização da geração de energia elétrica no Estado como algo fundamental para chegar à descarbonização com garantia de segurança de suprimento. “O crescimento do consumo total de energia elétrica no Estado, considerando a eficiência energética, eletrificação, geração distribuída e eletromobilidade, deve saltar de 19GW médios anuais, atuais, para 35GW médios anuais em 2050, um aumento de 89%”, avaliou outro pesquisador da USP, Mateus Balan.
Nesse contexto, o avanço na utilização da energia elétrica na mobilidade permite, segundo o pesquisador Rafael Herrero, uma perspectiva de 30% de redução no volume de consumo de combustíveis fósseis como o diesel nos próximos 30 anos. O setor de transporte também considera a ampliação do uso do etanol para veículos leves e de gás natural e biometano para ônibus e outros veículos pesados.
Os próximos encontros acontecerão nos dias 13 e 20 de julho, e 05 de outubro. Os temas ainda a serem discutidos serão oferta e balanço de emissões e interessados podem participar presencialmente, na sede do Conselho Estadual de Meio Ambiente (CONSEMA), na Capital, ou via canal da Semil no Youtube.
Para rever o evento de hoje acesse aqui:
Sobre o PEE
Apresentado em maio deste ano, a estruturação do Plano Estadual de Energia 2050, conta com diretrizes para o incentivo a projetos de transição energética e à redução de emissões de gases de efeito estufa no Estado. No total, foram identificados, pela InvestSP, 21 projetos em andamento, que somam investimentos privados de R$ 16,8 bilhões – dos quais 14 na área de energia, três no setor automotivo e de máquinas e equipamentos, dois em tratamento de resíduos, um em mineração, metalurgia e metalmecânica e um focado em comércio e serviços. Ao todo, tais empreendimentos têm potencial de fomentar 4.519 empregos diretos. A expectativa é que o PEE seja concluído até o fim do ano.
O Plano é aderente ao Acordo de Paris, por meio do qual o Brasil assumiu o compromisso de reduzir as emissões de gases de efeito estufa, e, às campanhas da Organização das Nações Unidades (ONU) de aceleração à neutralidade de carbono em 2050 – Race to Zero – e de aceleração da resiliência climática – Race to Resilience, ratificadas pelo Estado de São Paulo