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Energia renovável: projeto identifica demandas e potencial em comunidades indígenas na região da Calha Norte

A partir desse levantamento são realizados cálculos do dimensionamento energético tanto do coletivo quanto das residências e usos individuais

Reportagem publicada no G1
Fotos: Gabriel Baena

No oeste do Pará, o Projeto Energia Limpa, Vida Sustentável iniciou uma nova fase. Selecionado pela iniciativa Amazônia +10, o projeto inovador recentemente conduziu um mapeamento das demandas energéticas em 12 aldeias indígenas situadas ao longo do Rio Mapuera, na Calha Norte, com o objetivo de identificar as necessidades para a geração de energia solar fotovoltaica.

Na segunda quinzena de julho, a equipe do projeto esteve nas aldeias realizando o levantamento energético e também das cadeias produtivas de artesanato, uma atividade essencial para a sustentabilidade econômica dessas comunidades.

“Foi feito um questionário organizado com perguntas referentes ao consumo das famílias das demandas energéticas. Para isso foi necessário conversar sobre o tipo de equipamento que cada família tem em casa que demanda eletricidade, quantas lâmpadas cada família tem e, especialmente, qual a expectativa de uso de energia essas famílias têm”, explicou a integrante da equipe e pós-doutoranda em Engenharia Elétrica e Computação da Unicamp, Danúsia Arantes.

Levantamento sobre potencial energético em aldeias indígenas da Calha Norte, e as formas de geração de energia usadas

A partir desse levantamento são realizados cálculos do dimensionamento energético tanto do coletivo quanto das residências e usos individuais. “A dependência energética dessas famílias está muito ligada a geradores que funcionam nas aldeias. Foi necessário esse levantamento porque nas aldeias não existem as contas de energia, então foi necessário sistematizar família por família”, destacou Arantes.

“Mapeamos as cadeias produtivas com suas demandas específicas para a produção desses produtos (artesanato, farinha e pimenta). Buscamos conhecer os pontos de trabalho para verificar quanto de energia elétrica é preciso para iluminar e para a utilização de máquinas elétricas que poderão ajudar na melhoria do fluxo da cadeia produtiva e também melhorar a qualidade de vida e de trabalho na região”, afirmou Arantes.

As aldeias estão vinculadas à Associação dos Povos Indígenas do Rio Mapuera (APIM) e incluem etnias como os Katuena, Xereu, Wai Wai, Tunayana, Sikiyana, Hixkaryána,, Karafawyana e Waimiri Atroari.

O projeto que objetiva promover a sustentabilidade ambiental e o desenvolvimento econômico nas comunidades indígenas por meio do uso de energia renovável, não apenas fornecendo energia limpa, mas também fortalecendo as cadeias produtivas locais, contribuindo para a autonomia e preservação cultural das comunidades, atenderá também a demanda de indígenas de duas regiões do Baixo Oiapoque – as Terras Indígenas Uaçá, Juminã e Galibi.

Benefícios e impactos

Segundo a Profª Dra. Lilian Rebellato, arqueóloga, uma das coordenadoras do projeto, até o ano que vem, o projeto continuará a realizar o levantamento energético nos territórios indígenas selecionados. “Em relação às cadeias produtivas, a próxima etapa será trabalhar com os artefatos buscando olhar o mercado e suas demandas para entender essa cadeia e levar um produto de qualidade”, disse. Lilian Rebellato é professora da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa).

Cadeia do artesanato também foi mapeada durante o levantamento

Um relatório técnico será gerado para análise e formulação de contribuições para políticas públicas do setor de energia para a região.

Parcerias

O projeto é um dos selecionados pela Iniciativa Amazônia +10, que é uma colaboração entre o Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap), o Conselho Nacional de Secretários para Assuntos de Ciência, Tecnologia e Inovação (Consecti) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O projeto está sendo desenvolvido por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade Federal do Amapá (Unifap) e Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa).

A Amazônia +10 é uma iniciativa do Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap) e do Conselho Nacional de Secretários para Assuntos de Ciência, Tecnologia e Inovação (Consecti), em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O programa apoia projetos que promovem a sustentabilidade e o desenvolvimento socioeconômico na região amazônica.