Estudo aponta vulnerabilidade territorial em municípios cuja economia depende da agroindústria canavieira.
A indústria sucroenergética gera empregos, é fonte de arrecadação de diversos tributos e tem participação fundamental na matriz produtora de energia renovável. A moagem de cana-de-açúcar no Centro-Sul do Brasil para 2023/24 foi estimada em cerca de 580 milhões de toneladas, de acordo com a Forbes Agro/Reuters. Mas que reflexos disso são percebidos nas economias locais produtoras? Uma tese defendida por Henrique Faria dos Santos no Programa de Pós-Graduação em Geografia, do Instituto de Geociências (IG) da Unicamp, aponta uma realidade contraditória: enquanto o setor é responsável por manter o país em posição de destaque no mercado internacional, no âmbito local, isto é, nos municípios cuja economia é fortemente baseada nesse setor, prevalecem a apreensão e a insegurança.
A pesquisa, orientada pelo docente Ricardo Abid Castillo e financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), teve por objetivo analisar como o setor sucroenergético promove uma exacerbada especialização regional produtiva e como a crise experienciada pelo segmento na década de 2010 evidenciou situações de vulnerabilidade territorial dos municípios envolvidos nessa dinâmica produtiva.
Em algumas cidades com baixo patamar demográfico, a agroindústria canavieira atua como principal atividade econômica, o que torna o município altamente dependente desse setor e inibe uma maior diversificação da economia. “Há uma vulnerabilidade territorial, com potencial de gerar danos nos municípios, em decorrência do fechamento de uma usina sucroenergética”, aponta Santos.