Hidrogênio verde demonstra potencialidades e se torna promessa de investimentos para o processo de transição energética
Representantes da Eletrobras e da BGEnergy visitaram as instalações do Laboratório Vivo de Transição, Eficiência e Sustentabilidade Energética Campus Sustentável da Universidade Estadual de Campinas (LV TESE Campus Sustentável Unicamp), segunda-feira (4), na Cidade Universitária Zeferino Vaz. Luiz Carlos Pereira da Silva, diretor do Centro Paulista de Estudos da Transição Energética (CPTEn) e coordenador do Campus Sustentável Unicamp, apresentou ao grupo os resultados consolidados de projetos e as estratégias institucionais para novas implementações, como o Hub de Energia Sustentável (HubES).
Renato Cabral, coordenador da Gerência de e-Combustíveis da Eletrobras, ressaltou que o encontro coopera tanto para a nova configuração da empresa brasileira de capital aberto quanto para impulsionar os esforços da Unicamp. “É interessante para termos o entendimento do ‘estado da arte’ daquilo que está sendo desenvolvido pela academia universitária, principalmente nessa parte da eficiência de eletrolisadores e a sua aplicação”, pontuou. Segundo ele, recentemente, a maior companhia do setor elétrico da América Latina criou uma área específica para exploração do potencial do hidrogênio como fonte de combustível sintético ou e-combustível.
Os eletrolisadores, mencionados por Cabral, é uma tecnologia que usa eletricidade para separar as moléculas d’água (H²O). Esse processo, denominado eletrólise, ainda não é realizado na Unicamp, mas, conforme apresentou Silva, será um dos projetos implementados pelo HubES. Essa iniciativa se encontra em fase de elaboração e integrará o Hub Internacional para o Desenvolvimento Sustentável (HIDS), oportunizando que professores e estudantes desenvolvam trabalhos voltados para os combustíveis sintéticos, como o hidrogênio verde.
No HubES, exemplificou o coordenador do Campus Sustentável, uma das ideias é criar um sistema piloto para produção, armazenamento e utilização de hidrogênio verde. Comparado aos convencionais, os e-combustíveis não têm o petróleo como matéria-prima, mas podem ser utilizados em transportes que normalmente dependem de gasolina, querosene ou diesel, inclusive, sem necessidade de transformações mecânicas nos veículos. Desde 2019, ano de inauguração da sua primeira usina fotovoltaica, por meio de parcerias, a Unicamp tem se transformado em um modelo de inovação em gestão energética para a América Latina e o Caribe.
Além de Silva e Cabral, Leandro Brito e Marlos Guimarães, integrantes da equipe de e-combustíveis da Eletrobras, Ana Beatriz Barros, Hélio Nunes e Vitor Riedel, diretores da BGEnergy, estiveram presentes e foram recepcionados por pesquisadores dos projetos de microrredes para energia eficiente, confiável e mais sustentável e de mobilidade elétrica. “O hidrogênio verde é uma forma de obter um novo produto a partir da energia elétrica. Então, não apenas trabalhar com o armazenamento da energia elétrica, mas poder fazer o setor elétrico oferecer novos produtos”, explicou Riedel, diretor-executivo da BGEnergy.
A BGEnergy foi criada por profissionais graduados pela Unicamp e, atualmente, seus diretores são doutorandos do programa de pós-graduação em Planejamento de Sistemas Energéticos (PSE|FEM|Unicamp). “A empresa foi incubada no Parque Científico e Tecnológico da Unicamp neste ano. Através da incubação será possível ampliar o desenvolvimento de soluções inovadoras sustentáveis, sobretudo, na área do hidrogênio. Também permitirá o acesso a novas conexões e parcerias”, comentou Barros, diretora de inovação da BGEnergy, ressaltando que a empresa está com contrato de serviços com a Eletrobras desde o ano passado.
Chamadas públicas para Pesquisa e Desenvolvimento
Conforme declarou Cabral, a recém-criada vice-presidência de inovação é o novo núcleo que está buscando compreender como a empresa pode trabalhar em conjunto com as instituições de pesquisas, entre elas a Unicamp, no desenvolvimento de novos projetos.
“Com a capitalização, a Eletrobras está fazendo os estudos. Até 2021 eram publicados os editais, onde era aberto ao público geral e, agora, estão sendo feitas análises para verificar como vai ser essa política de editais. Quando tiver algum tema de interesse serão normalmente publicados os editais. Porém, isso era feito pelas empresas separadamente, por exemplo, a Eletrobras e a Eletronorte lançavam essas chamadas individualmente. Agora os editais devem ser únicos”, finalizou Cabral.
Texto e fotografias: Inácio de Paula | jornalista bolsista de ciência do Campus Sustentável Unicamp e do CPTEn
Notícia reproduzida do site do Campus Sustentável Unicamp