Grupo discute possibilidade de parcerias
O Subsecretário de Energia, Telecomunicações e Cidades Inteligentes do governo de Goiás, Renato Lyra, o Superintendente, Sérgio Ricardo Simon Nery, e a Gerente de Cidades Inteligentes, Rayane Araujo Lima, estiveram no último dia 20 fevereiro na Unicamp. Na ocasião, eles conheceram as ações promovidas pelo laboratório vivo do Campus Sustentável, acompanhados por Luiz Carlos Pereira da Silva, diretor do Centro Paulista de Estudos da Transição Energética (CPTEn) e professor da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (Feec), e de outros pesquisadores principais, associados e colaboradores do CPTEn.
Entre as iniciativas mostradas, estão algumas já reconhecidas pelo Prêmio PAEPE 2023, como o “100% LED”, que trata da substituição de lâmpadas fluorescentes da universidade pelas de LED, mais econômicas, além de outros projetos da Coordenadoria de Sustentabilidade (CSUS) da Universidade em fase de planejamento e execução, como o “Sustentabilidade no Ar”, para troca de aparelhos de ar-condicionado antigos por equipamentos mais novos.
Ainda pela manhã, eles se encontraram com representantes da empresa Vitális Energia, especializada em programas de eficiência energética e responsável por cases de sucesso, tais como o MinasLED, em Belo Horizonte, e parceira da Unicamp no projeto de retro-fit das lâmpadas, mencionado anteriormente. A cidade mineira é apenas uma dentre outras no Brasil (Curitiba, Campinas, São Paulo, Rio de Janeiro, Recife) que estão buscando esforços para promover a transição energética e se tornarem mais eficientes energeticamente, dentro do conceito de “cidades inteligentes”, realizando diversas ações na área de serviços urbanos, como gestão de resíduos, iluminação, zeladoria, segurança e transporte.
Esse ponto, inclusive, foi uma das motivações da visita, segundo Rayane Lima, que acredita que o CPTEn pode auxiliar o estado goiano a formular estratégias para certificação de cidades inteligentes. Para obtenção desse título, é necessário que as cidades demonstrem funcionamento adequado em centenas de indicadores relacionados a práticas sustentáveis, baseado em normas internacionais (NBR ISO 37120, 37122, 37123).
Em seguida, foram ao Laboratório de Redes Elétricas Inteligentes (LabREI), da (FEEC), onde escutaram sobre o projeto “Microrredes Inteligentes, Confiáveis e Sustentáveis” (MERGE – Microgrids for Efficient, Reliable and Greeer Energy). Bem como sobre o case “Plano estratégico e propostas para programas de ações – transição energética e descarbonização da economia regional – estudos para o Plano Estadual de Energia 2050 de SP”. Essa última apresentação vai ao encontro das potencialidades na parceria entre o CPTEn e o estado de Goiás, principalmente na questão do planejamento energético e estratégias para a diversificação da matriz energética.
Como lembrado pela pesquisadora de pós-doutorado Danusia Arantes, o CPTEn serve como uma “conexão do ambiente técnico e científico”, e seus eixos temáticos atuam de maneira interdisciplinar, como por exemplo, entre Educação, Formação e Capacitação para a Sustentabilidade Socioambiental (eixo 5), Políticas Públicas e Governança (eixo 3), Redes Digitais e Consumo Inteligente (eixo 7), e Inovação para municípios inteligentes (eixo 8).
Em seguida, pela tarde, as atividades continuaram no LabREI, quando conheceram os resultados do levantamento realizado pela doutoranda Elisabeti de Fátima Barbosa, da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo (FECFAU), que tratou do diagnóstico do desempenho das edificações do campus de Campinas que passaram por etiquetagem energética.
Segundo a pesquisadora, esse processo segue a avaliação de três sistemas de desempenho energético nas edificações: i) envoltório dos prédios, como janelas, portas, teto, paredes, ii) iluminação, e por último ii) refrigeração (condicionamento do ar) do ambiente. Considerando a importância do setor da construção civil para o país, é essencial se pensar na eficiência energética, tanto em prédios residenciais, comerciais/de serviço e principalmente públicos. Porém, mesmo com as metas definidas pelo governo, no Programa Brasileiro de Etiquetagem de Edificações (PBE Edifica), de que todos os prédios devem passar por etiquetagem, o número de edificações de fato certificadas é extremamente baixo, o que prejudica na economia de energia neles.
O grupo conversou ainda com Flávio Tonioli Mariotto, que discutiu sobre o funcionamento do ônibus elétrico em operação na Unicamp, fruto de um projeto de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) entre a Unicamp, a BYD, e a Aneel, com financiamento da CPFL Energia. A visita foi finalizada com um tour pelo campus nesse ônibus, quando puderam se familiarizar com o ponto de recarga e os prédios universitários que fazem parte da microrrede.
De acordo com o subsecretário Renato Lyra, a matriz energética do estado está sendo avaliada em conjunto com a Universidade Federal de Goiás (UFG), e a proposta de se firmar um convênio com o CPTEn tornaria esses programas da área energética ainda mais vantajosos. Em entrevista anterior, Renato já havia comentado que o governo goiano pode reduzir os custos com energia em até R$25 milhões por ano, após a implementação dessas ações, como a instalação de usinas ou painéis fotovoltaicos na matriz, entre outras iniciativas apresentadas ao grupo.
A viagem da comitiva contou ainda, no dia 21 com a ida para São José dos Campos, primeiro município brasileiro a conseguir o título de cidade inteligente, no início de 2022, para conhecer o polo tecnológico da região.
Texto: Maria Carolina Ribeiro (bolsista de Jornalismo Científico CPTEn/Fapesp)