A assinatura do documento ocorreu no Palácio do Planalto, durante um encontro dos presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da Itália, Sergio Mattarella
Reportagem publicada no Jornal da Unicamp
Texto: Tote Nunes
Edição de imagem: Paulo Cavalheri
Fotografia: divulgação do Palácio do Planalto
O reitor da Unicamp, professor Antonio José de Almeida Meirelles, o CEO global da empresa Enel, Flavio Cattaneo, e CEO da Enel Brasil, Antonio Scala, assinaram nesta segunda-feira (15), em Brasília, um acordo de cooperação em diversas áreas do setor energético, entre as quais pesquisas que tenham como objetivo acelerar a transição para fontes renováveis e ampliar a previsibilidade de eventos climáticos extremos.
A assinatura do documento ocorreu no Palácio do Planalto, durante um encontro dos presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da Itália, Sergio Mattarella. A parceria entre a Unicamp e a Enel deverá possibilitar o compartilhamento de pesquisas, a formação de recursos humanos e a realização de ações conjuntas de pesquisa e desenvolvimento (P&D).
“Com essa cooperação associada à transição energética e à previsibilidade de eventos climáticos extremos, nosso objetivo é que todo o conhecimento e tecnologia que já desenvolvemos e que venhamos a desenvolver conjuntamente nessas áreas se transformem rapidamente em produtos e serviços disponíveis para a população”, disse o reitor da Unicamp, ao final da cerimônia.
“A adequada previsibilidade de eventos climáticos extremos é essencial para a maior resiliência das redes de distribuição de energia”, acrescentou Meirelles. “Além disso, acelerar a transição para fontes renováveis de energia é um imperativo para a mitigação do processo de aquecimento global.”
Líder em geração de energia eólica no país, a Enel se pronunciou por meio de nota e afirmou que a parceria com a Unicamp “solidifica o compromisso entre as instituições na área de pesquisas e desenvolvimento, pautada pelos princípios de inovação e sustentabilidade”.
Além do acordo entre a Universidade e a empresa de energia, a cerimônia em Brasília foi marcada também pela assinatura de memorandos de entendimento entre a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Universidade de Turim (Itália) e entre a Universidade de São Paulo (USP) e a mesma universidade italiana.
Aniversário da imigração italiana
A visita do presidente italiano ocorre no contexto das comemorações do 150º aniversário da imigração italiana no Brasil. Hoje há mais de 35 milhões de descendentes de italianos em território nacional e mais de 100 mil brasileiros na Itália.
A pauta da reunião de trabalho entre Lula e Mattarella incluiu temas pertinentes ao relacionamento bilateral e ao diálogo entre dois grandes fóruns multilaterais. O Brasil preside atualmente o G20, que reúne as 19 maiores economias do mundo mais a União Europeia (UE) e a União Africana (UA), e a Itália comanda o G7, grupo do qual participam, além da própria Itália, a Alemanha, o Canadá, os Estados Unidos, a França, o Japão e o Reino Unido – a UE integra a entidade como “membro de facto”. O combate à fome e à desigualdade é uma pauta compartilhada entre os dois países e uma das prioridades brasileiras no G20.
“País-sede da FAO [Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura] e do Programa Mundial de Alimentos, a Itália convidou o Brasil a participar do grupo de trabalho do G7 sobre a segurança alimentar. Retribuí a confiança convidando a Itália a se somar à Aliança Global de Combate à Fome e à Pobreza, que lançaremos no Brasil por ocasião do [encontro do] G20. O pioneirismo italiano em mecanismos de troca de dívida por alimentos será muito valioso para nossa iniciativa”, afirmou Lula, lembrando que o tema da transição energética justa também é comum aos dois países.
Em 2023, a Itália ficou em 18º lugar entre os principais investidores estrangeiros do Brasil, segundo o Banco Central. No ano passado, as empresas italianas investiram US$ 319 milhões no país, contra US$ 2,492 bilhões das empresas da Espanha, o quarto maior investidor no Brasil no mesmo período. Lula manifestou interesse em diversificar a pauta e incrementar as exportações brasileiras.